06 agosto 2009

AS "DOENÇAS" DO CASTANHEIRO

Quando me propuz efectuar uma plantação de castanheiros alguém me disse "que não tinha juízo" e "que se não tinha que fazer ao dinheiro que o doasse a alguém que precisasse dele" (sic)!
E porquê? Porque logo que viesse o tempo de colher algumas castanhas (10 anos) iria, provavelmente, ter um grande desgosto com a morte dos mesmos pela "tinta" (necrose P. Cinnamomi) ou/e "o cancro americano" (parasitica de Cryphonectria fungo ascomiceta)!
Com vaticíneo tal, para um principiante, fiquei deveras assustado! ...
Ouvi, li, consultei e decidi prosseguir com uma plantação, anotando tudo que merecesse cuidados e viesse a servir de ensinamentos.
Conclui pelas seguintes Boas Práticas:

1. Certificar-se que na área onde pretende instalar uma exploração (concelho) não há sinais de infestação pelas doenças anteriormente citadas;
2. Limpar o terreno recorrendo unicamente a um destroçador com tractor (correntes), sem remoção ou queima de resíduos - deixando o material triturado espalhado nos locais após a passagem do tractor;
3. Passagem da alfaia de discos, sem recurso a lavra ou freza;
4. Abertura de covas, adubação orgânica em profundidade e plantação de plantas hibridas (Castanea sativa / crenata) certificadas (evitar covas para retenção de água junto ao pé);
5. Desinfestação anual, apenas, com tractor e correntes, entre linhas, com motorroçadora e disco (sem discos de corte, mas com ferro destroçador) nas bordas e linhas (este procedimento protege e fomenta o aparecimento espontâneo de cogumelos);
6. Suaves podas de formação e rebentos junto à terra, com desinfecção dos cortes com calda bordalesa (deixar os pequenos ramos no chão do local para que sequem e posteriormente sejam desfeitos aquando da limpeza).
7. Evitar as queimas de resíduos já que a cinza fomenta o aparecimento de infestantes mais abundantes (fetos e silvas);
8. Obter enxertia (estacas-semente) provenientes de entidades públicas (quintas experimentais), estabelecimentos de ensino, DRAP, etc ;pode não evitar uma importação de doenças, mas atenua o risco (evitar fornecimento ou cedência por produtores anónimos e individuais).




PLANTAR... PLANTAR... PLANTAR!


Sou um compulsivo plantador de árvores de todo o tipo.
Adoro a floresta e é lá que me sinto bem. As horas passam a voar com pequenos ou grandes trabalhos agrícolas. ; a cantoria da passarada e o barulho da água a correr ou o soprar do vento são companhias muito agradáveis.
Vêr o resultado de uma enxertia bem sucedida enche a alma de satisfação com uma pontinha de orgulho mal disfarçado!
No entanto, nem tudo é "um mar de rosas"... na angústia que se sente quando detectamos que ,num golpe de azar, o vento partiu uma haste que não estava devidamente estacada!
É a vida de um agricultor que, num segundo, vê o trabalho de um ano ir "por água abaixo"!